BELO-HORIZONTINOS (BELO HORIZONTE-MINAS GERAIS-BRASIL) VÃO PARA AS PANELAS E PRODUZEM EM CASA SUAS CERVEJAS

Victor Schwaner/Odin

A empresária Flávia Mara Evangelista: “É prazeroso encontrar os amigos para experimentar as criações”

Belo-horizontinos vão para as panelas e produzem em casa suas cervejas

Criar versões de loiras, ruivas e morenas vira hobby para quem quer se arriscar no mundo cervejeiro


por João Renato Faria | 18 de Fevereiro de 2015

A busca pelo elixir da longa vida, uma bebida que garantiria a imortalidade e a cura para qualquer doença, impulsionou a alquimia no passado. Muito popular até o século XVIII, a prática que misturava química, astrologia, matemática e filosofia até parece ser a inspiração para os cervejeiros amadores que estão se arriscando a produzir suas loiras, ruivas e morenas em casa. Afinal, criar uma gelada na própria cozinha costuma ser uma bagunça digna de um laboratório medieval - mas de resultados compensadores. O epicentro desse movimento em Beagá é a Casa Olec, no bairro São Pedro. A loja, que começou tímida em um estacionamento no Centro, mudou-se em julho de 2014 para o casarão onde é possível comprar insumos, como malte, lúpulo e fermento, além de equipamentos que vão de vasilhames a termômetros, passando pelos sofisticados refratômetros, os instrumentos usados para medir a porcentagem de álcool da bebida. Lá, toda primeira terça-feira do mês é reservada para um encontro desses cervejeiros amadores. “O objetivo é trocar ideias, receitas e, claro, experimentar as cervejas uns dos outros”, diz o proprietário, Mateus Caetano.

Quem costuma bater ponto nesses encontros é o estudante de arquitetura Álvaro Mafra. Acompanhado do primo Henrique Mafra e do amigo Pedro Matos, ele fundou a cervejaria Mítica e aproveita a presença de outros mestres-cervejeiros para aprimorar sua bebida. “O pessoal das microcervejarias sempre está por aqui e passa dicas interessantes”, afirma. Na Casa Olec há também um espaço para a brassagem, o cozimento do malte, que pode ser usado pelos que preferem produzir com ajuda. “Vario entre a cozinha de casa e as panelas daqui”, diz Mafra.

Quem quiser começar a criar suas cervejas deve estar disposto a gastar. O kit básico de equipamentos, com capacidade para a produção de 20 litros por vez, custa cerca de 1 700 reais e não inclui os insumos. E é bom fazer um curso prático, como os ministrados por Felipe Viegas, da cervejaria Taberna do Vale. Desde 2008, ele já ensinou a alquimia cervejeira a mais de 2 000 alunos. Os três dias de aulas custam 490 reais. “Eu ensino truques para as pessoas acertarem o ponto da cerveja e não ficarem desanimadas com os primeiros resultados”, afirma Viegas.

A empresária Flávia Mara Evangelista foi uma de suas alunas. Após o curso realizado no ano passado, ela começou a produzir suas geladas quase toda semana. “Além de ser bacana preparar, é prazeroso encontrar os amigos para experimentar as criações”, diz. Segundo Flávia, boa parte da diversão é testar novas combinações e ingredientes. “Gosto de produzir os tipos dry stout e pale ale, mas já fiz cerveja até com pequi”, conta a moça. Álvaro Mafra concorda. “O grande trunfo do cervejeiro caseiro é poder brincar com as fórmulas”, afirma. Sua cerveja que mais agradou foi uma summer ale que tinha graviola e maracujá na composição. “Ficou leve e não muito amarga.” Esses alquimistas de fim de semana, pelo visto, estão cada vez mais ousados.

Fonte:http://vejabh.abril.com.br/edicoes/belo-horizontinos-vao-panelas-produzem-casa-suas-cervejas-835361.shtml

Comentários